Trabalho, filhos, marido, vida pessoal: como dar conta de tudo?

A geração atual de mulheres se desenvolveu profissionalmente, conquistou o mercado de trabalho, a igualdade de direitos, não depende financeiramente do marido, mas viram suas mães e avós serem donas de casa exemplares e, por isso, se cobram a responsabilidade de cuidar da casa e dos filhos como tarefas tipicamente femininas. A maioria dos homens, por sua vez, acha cômodo deixar para as mulheres todas essas tarefas que eles não sentem vontade nenhuma de fazer.

Além de tudo isso, a mulher ainda precisa encontrar tempo para cuidar de si mesma. E isso deveria ser prioridade. “Assim como em um avião, as instruções são que “passageiros viajando com crianças ou alguém que necessite de ajuda, lembramos que deverão colocar suas máscaras (de oxigênio) primeiro para, em seguida, auxiliá-los’, na vida acontece o mesmo. Quando não temos tempo para nós mesmos, não conseguimos nos dedicar a mais ninguém com o devido carinho e cuidado que cada situação merece. Estar em dia consigo mesmo deve sim ser prioridade, assim como a família e o trabalho, cuidar do cabelo, se exercitar, fazer a unha, são coisas que fazem toda mulher se sentir melhor e assim, estar mais presentes nas demais tarefas”, afirma a especialista em comportamento humano Branca Barão, autora do livro “8 ou 80” (DVS Editora).



Para as mulheres solteiras, conciliar as tarefas parece mais fácil do que para as que têm marido e/ou filhos. “Uma mulher solteira tem menos louça na pia, cozinha menos ou quase nada, as roupas são apenas de uma única pessoa e ninguém a responsabilizará por nada. A necessidade é apenas de manter em ordem as suas próprias coisas. Família requer muito mais atenção às coisas da casa e do dia a dia. Em virtude disso, muitas mulheres esperam realizar-se em outras áreas da vida antes de aumentar o volume de coisas em casa para fazer”, diz.
Já para as mulheres comprometidas, a dica é tentar incluir o parceiro na realização das tarefas, dividindo as responsabilidades com ele. “Essa mudança de pensamento vem acontecendo de forma lenta e gradual. Enquanto vejo homens assumindo tarefas que já foram consideradas tipicamente femininas, ainda vejo muitos que fazem de conta que o assunto não é com eles. Quando antes no relacionamento as regras forem apresentadas, mais fácil será fazê-lo abrir mão de um pouco do seu tempo livre para contribuir nas tarefas de casa. Quanto mais tempo a mulher permanecer, mesmo que sobrecarregada, cuidando de tudo, mais difícil será transferir algumas responsabilidades para ele”, afirma a especialista.
Um dos reflexos dessa nova geração de mulheres é a maternidade tardia, que costuma ser adiada para que os planos profissionais possam ser colocados em prática. Já estabilizadas, as mulheres acreditam ter melhores condições de assumir uma família e ter filhos, até mesmo porque se já estiver bem sucedida profissionalmente, poderá contar com a ajuda de babá e funcionários. “Não conseguir tempo para os filhos é, geralmente, o que mais gera culpa. Mas é preciso compreender que qualidade, nos dias de hoje, acaba sendo mais importante que quantidade de tempo. Estar junto precisa significar fazer realmente algo junto, pintar, plantar, construir, fazer cócegas… Não vale contar o tempo em que a família passa em frente à TV em silêncio. Para eliminar a culpa, tenha hora marcada para fazer algo que seja divertido e interativo e que te faça estar 100% presente na atividade com seus filhos. Assim, com uma hora por dia, você já terá passado tempo suficiente para se considerar presente na vida deles”, aconselha.

Além da autocobrança, há também outras cobranças que vêm de vários pontos e, às vezes, nem acontecem de forma explícita. “A própria publicidade adora mostrar mulheres perfeitas, lindas, magras, arrumando uma casa impecavelmente limpa, com azulejos brancos, com crianças educadas e bem vestidas e maridos felizes tomando um suco de laranja geladinho na mesa da cozinha, dando a entender que a mulher fez tudo aquilo e se sente por isso plena e realizada. Assim, a sociedade ainda cobra que a mulher dê conta de tudo. Romper paradigmas é mais uma das coisas que a mulher de hoje deve dar conta de fazer”, diz.
Outro ponto que acaba sendo deixado em segundo plano é a vida do casal e os programas a dois, que ajudam a manter acesa a chama da relação. A especialista conta que existe um teste que diz o seguinte: imagine que você está em casa e o telefone toca, a torneira da pia está jorrando água, começa a chover e tem roupa no varal, o bebê chora no berço e a campainha toca. Tudo ao mesmo tempo. Em que ordem você decide resolver as 5 coisas? É uma metáfora, no mínimo interessante sobre a rotina e os problemas que atormentam nossa rotina. Nessa brincadeira a metáfora seria interpretada como sendo o telefone o trabalho; a torneira, o dinheiro; o bebê representa a família; a campainha, sua vida social; os amigos e a roupa no varal, sua vida sexual. “A roupa molhou, né?”, brinca. “Mas é normal quando estamos sobrecarregadas não termos tempo nem para pensar nisso. Quando estamos cansadas, quando caímos na cama, tudo o que queremos é dormir. Mas da mesma maneira que precisamos colocar a nós mesmas como prioridade, nosso relacionamento e nossa vida sexual não podem ficar para o final da lista de prioridades sempre. Até porque o sexo vai te deixar mais bem humorada e menos estressada para lidar com todo o resto”, afirma.
Mas será que é possível dar conta de tudo? A especialista acredita que não. “Não acredito ser humanamente possível dar conta de tudo e penso que é preciso abrir mão de algumas coisas para poder ser feliz. Reservar um tempinho até mesmo para não fazer nada é importante para podermos dar conta daquilo que nós, mulheres, escolhemos para cada fase da vida e daquilo que consideramos importantes para nosso crescimento e realização pessoal”, afirma.
A dica é tentar lidar com tudo isso de forma mais leve. “Muitas mulheres têm como máxima ‘Se quer algo bem feito, faça você mesma’. Assim, ninguém cuida de seus filhos tão bem quanto ela mesma, nem da roupa, nem da casa, nem da comida, nem da equipe. Por isso estão cada vez mais assumindo posições de liderança e de destaque dentro das empresas. Porém, é preciso escolher o que se quer que seja feito por você mesma e delegar o restante, por pelo menos uma parte do tempo. Dividindo a vida em fatias, é possível aproveitar o sabor de todas as partes que realmente importam pra você. Escolher do que abrir mão é tão importante quanto escolher o que priorizar. Assim como definir o “tamanho da fatia” que vai separar do seu tempo para cada coisa em cada momento da vida. Um bebê, demanda mais atenção que uma criança de cinco anos por exemplo. Seu trabalho precisa de mais atenção para uma promoção e assim por diante. Racionalizar a vida dessa forma ajuda, inclusive, a minimizar o estresse”, aconselha.
Fonte Bolsa de Mulher - Texto de Mariana Bueno
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